Heterose e cruzamentos como estratégia de melhoramento de bovinos

No último artigo, descrevemos alguns feitos da seleção para alta produção e tipo em outras características importantes de gado leiteiro e apenas citamos a existência de algumas estratégias de melhoramento genético, como a seleção, a introdução de raças, os cruzamentos e o desenvolvimento de novas raças.
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No último artigo, descrevemos alguns feitos da seleção para alta produção e tipo em outras características importantes de gado leiteiro e apenas citamos a existência de algumas estratégias de melhoramento genético, como a seleção, a introdução de raças, os cruzamentos e o desenvolvimento de novas raças.

O cruzamento consiste no acasalamento entre indivíduos de populações diferentes, como linhagens, raças ou espécies visando à produção de descendentes mais produtivos (PIZZOL, 2012). Os cruzamentos são realizados com a finalidade de reunir em um só animal as características desejáveis de duas ou mais raças, assim como explorar a heterose que é observada na maioria das características de importância econômica em gado leiteiro (PEREIRA, 2012).

Neto et al. (2004) argumentam que os animais com a composição genética meio-sangue (F1), frutos da primeira geração de um cruzamento, são os principais beneficiários deste fenômeno genético (heterose), presente nas principais características de interesse econômico e, por isso, produzem reflexos positivos sobre o custo de produção e sobre a receita da atividade.

Miranda e Freitas (2009) conceituam heterose como o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais. Eles também afirmam que o cruzamento de animais de raças diferentes é a maneira mais rápida de fazer melhoramento genético dos bovinos. Outros autores referem-se à heterose como aumento do vigor da progênie em relação ao dos pais, quando indivíduos não aparentados são acasalados (BOWMAN, 1859; LASLEY, 1972; SHERIDAM, 1981 apud PEREIRA, 2012). Pereira (2012) reforça que níveis mais altos de heterose são relatados para características de baixa herdabilidade, como a fertilidade, sobrevivência e outras características relacionadas com a reprodução. Na percepção de Hazel et al. (2013), a heterose também pode ser expressa como a melhoria da eficiência alimentar dos animais.

Entre as respostas básicas à questão “por que cruzar raças?”, a complementaridade está entre as mais citadas pelos autores ao explicarem a importância dos cruzamentos. Além dos efeitos da heterose direta e materna, estão a possibilidade de utilização de fonte barata de reprodutores, uso potencialmente amplo de recursos genéticos disponíveis (mais raças envolvidas) e redução dos problemas por endogamia (KINGHORN, 2006).

Pereira (2012) ainda acrescenta a possibilidade de formação de raças sintéticas ou compostas como um dos objetivos dos cruzamentos. O cruzamento entre as raças bovinas “Holandesa” e “Gir Leiteiro”, é um belo exemplo da busca pela complementaridade e de formação de uma nova raça. O Girolando, raça resultante desta prática, teve sua formação impulsionada pela busca da conciliação da capacidade produtiva do Holandês com a rusticidade e longevidade do Gir Leiteiro.Para Pereira (2012) aspectos como condições ambientais, escolha das raças mais adequadas ao objetivo de exploração, definição das características que serão aprimoradas, controle zootécnico, avaliações de reprodutores e o uso de diferentes alternativas de cruzamentos, devem ser observados na definição geral da estratégia a ser adotada.

Heterose e cruzamentos como estratégia de melhoramento de bovinos
Cruzamento entre Gir Leiteiro e Holandês é ótimo exemplo de busca pela complementaridade entre raças. Foto: Nathã Carvalho, em Caxias do Sul (RS).

Tipos de heterose

A literatura descreve a existência de três tipos de heterose: individual, materna e paterna. A primeira aplica-se a um animal individualmente em relação à média de seus pais, através do aumento de sua produtividade e vigor, sendo função das combinações gênicas presentes na geração corrente e não de efeitos paternos e maternos. A heterose materna manifesta-se na população por meio de efeitos da utilização de fêmeas cruzadas ao invés de puras. Já a heterose paterna refere-se a qualquer vantagem na utilização de cruzados ao invés de reprodutores puros sobre a performance da progênie. Importante salientar, que tanto a heterose paterna como a materna são funções de combinações gênicas presentes na geração anterior (PEREIRA, 2012).Sistemas de cruzamentos

Há diferentes formas de se projetar esquemas de cruzamentos. Conforme Pereira (2012), reconhece-se, basicamente, quatro sistemas:

a) cruzamento simples, também chamado de cruzamento de primeira geração, envolvendo o acasalamento de duas raças puras com produção de mestiços F1 e obtendo-se o nível de heterose máximo;
b) cruzamento contínuo (ou absorvente), em que a raça nativa é absorvida pelo uso contínuo de reprodutores da raça julgada geneticamente superior;
c) cruzamento rotacional ou alternativo, em que ocorre o uso alternado de duas ou mais raças diferentes a cada geração;
d) formação de raças sintéticas e/ou compostas. No entendimento de Kinghorn (2006), sistemas de cruzamento diferentes dão origem a diferentes níveis de expressão de heterose.

No entanto, Pereira (2012) salienta que não há um “pacote” de cruzamentos que seja recomendável para todos os rebanhos e sistemas de produção. O autor destaca que antes da definição da estratégia de cruzamentos a ser implementada, é preciso uma análise das condições conjunturais, especialmente as econômicas.

Embora seja uma prática consagrada em espécies como aves, suínos, ovinos de corte e bovinos de corte, a adoção de cruzamentos na bovinocultura leiteira ainda não é difundida na mesma intensidade, mas vem sendo impulsionada principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, com experiências interessantes relatadas também nos países de clima temperado. No próximo texto, vamos iniciar a abordagem específica sobre a adoção de cruzamentos em bovinos leiteiros.

Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/melhoramento-genetico/heterose-e-cruzamentos-como-estrategia-de-melhoramento-de-bovinos-103164n.aspx

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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