Gado de leite e ILPF: promessa de casamento duradouro

Com a implantação de lavoura e árvores no sistema, produtores ganham em sombreamento, produção de alimento e de madeira
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Com a implantação de lavoura e árvores no sistema, produtores ganham em sombreamento, produção de alimento e de madeira

O que é mais fácil? Que um produtor de soja adote um sistema de integração-lavoura-pecuária-floresta ou que a iniciativa parta de um pecuarista? Para a pesquisadora Roberta Carnevalli, da Embrapa Agrossilvipastoril, salvo as características de cada fazenda, hoje tem sido mais comum que a resposta seja: o pecuarista – mas não de gado de corte, e sim, o produtor de leite.

“O  produtor de leite é aquela pessoa que conhece bem a importância da sombra para os seus animais, e que tem uma propriedade menor. Então, uma linha de árvores que ele plante na beira da cerca é algo que vai fazer a diferença”, afirma.

Um experimento instalado na Embrapa Agrossilvipastoril ajuda a entender os benefícios desse casamento. Montado em 2011, em uma área de 40 hectares, ele permite que os pesquisadores avaliem concomitantemente três tratamentos em diferentes estágios, sendo dois para efeito de comparação e um que se propõe ser o ideal.

De acordo com Roberta, são eles: um com lavoura e pecuária, sem árvores; outro com lavoura, pecuária e sombreamento exagerado; e o dito equilibrado, com sombra suficiente para atender o conforto animal sem prejudicar a pastagem. “O importante é entender que os três foram colocados para testar esse terceiro e mostrar o impacto da presença da árvore no sistema”, diz a pesquisadora. Os testes estão sendo conduzidos com fêmeas mestiças de holandês com gir, grau de sangue 3/4 e 7/8.

Abaixo, as vantagens de casar a produção de leite com o sistema integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF):

Sombreamento – A partir da observação dos experimentos feitos na unidade da Embrapa Agrossilvipastoril, Roberta conta que foi possível desmistificar a ideia de que gado que tem sombra não pasteja.

Nos piquetes sem árvores, a pesquisadora aferiu que os animais iniciavam o pastejo de madrugada e por volta das 9h, 10h da manhã iam parando de pastejar. Não raro, essas também eram as novilhas que se reuniam em volta do bebedouro no final da tarde e rompiam a boia para formar lama e se refrescar. No caso dos animais em sistema ILPF, o comportamento já era distinto, e o pastejo se estendia até 10h30, 11h pela manhã, fazendo parte da rotina do rebanho voltar a pastejar por volta das 13h30.

“O que o experimento mostrou foi que os animais com sombra disponível pastejaram por mais tempo, enquanto aqueles expostos a uma condição de estresse ficaram mais parados, para não gerar energia e, com isso, calor”, afirma a pesquisadora.

Nutrição – Outra vantagem colocada por Roberta no caso da adoção do sistema é a possibilidade de produzir alimento para o período da seca. “Aqui em Mato Grosso, a maioria das prefeituras têm patrulha para o plantio, a colheita, então não é difícil para o produtor de leite plantar milho”, diz. O manejo feito na área da Embrapa segue uma lógica pensada para produzir silagem.

“Na lavoura de primeiro ano, entramos com o milho consorciado com a braquiária ruziziensis e, na safrinha, plantamos o feijão-caupi”, explica Roberta. A pesquisadora lembra que a leguminosa presente no sistema, independentemente de ser o feijão-caupi ou outra, como o feijão-guandu e estilosantes, é fundamental para aumentar a fixação de nitrogênio no solo e melhorar a qualidade das pastagens.

A área permanece descansando no período seco e, no segundo ano, planta-se milho consorciado com braquiária Piatã. Colhido o milho em grão, é chegada a hora de inserir os animais no sistema. A pastagem irá alimentá-los nos dois anos seguintes. Este ano, o experimento está justamente nesta fase e é ocupado por novilhas em crescimento. Em 2017, deverá receber as vacas em lactação, permitindo mensurar a produção leiteira em sistemas ILPF.

Hoje, todos os animais do experimento são tratados apenas com pasto e suplementação mineral, sem concentrado. No sistema equilibrado, a taxa média de lotação com o capim Piatã foi de 5 UA por hectare, chegando a 8 UA no auge do período das águas. “Nessas condições, as novilhas, na faixa dos 400 quilos, tiveram ganho de peso médio diário de 500 a 600g”, diz Roberta.

Madeira para uso próprio – O plantio de árvores em propriedades leiteiras evita ainda que o produtor precise gastar dinheiro para reformar suas cercas e instalações. “Claro que a produção será muito menor do que em uma propriedade de gado de corte, mas plantando renques de árvores na lateral do piquete, ele já consegue substituir mourões, reformar uma cerca, construir um curral”, exemplifica. No experimento da Embrapa considerado ideal, foram plantados eucaliptos distantes 3 metros uns dos outros e com espaçamento de 3,5 entre linhas.

“Então, quando adota o sistema ILPF na fazenda leiteira, o produtor agrega valor à sua produção. Seja com a produção de milho e sorgo para silagem, com o consumo próprio de alguma leguminosa, com a possibilidade de oferecer isso para o gado ou até com uma pequena produção de madeira”, afirma Roberta.
Fonte: Portal DBO

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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