Fraude expõe a cadeia de suprimento da Fonterra

Fonterra – A gigante Fonterra espera ter controle na cadeia de distribuição na China. Mas isto é razoável diante da extraordinária quantidade de fraudes contra o consumidor naquele país? A Fonterra instituiu uma investigação interna sobre a venda fraudulenta, na China, de 300 toneladas de seus produtos para panificadoras, com datas de validade vencidas.
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Não é apenas um problema com distribuidoras na China. Zespri esteve envolvido em uma fraude de faturamento em duplicidade envolvendo um de seus distribuidores. Todas as multinacionais enfrentam estes problemas. A empresa de laticínios disse: “A Fonterra estabelece normas de procedimento para seus fornecedores sobre a gestão responsável de produtos vencidos e as providências a serem tomadas, e esperamos que estas recomendações sejam respeitadas. No caso específico, o problema ocorreu ao longo da cadeia de abastecimento, e não com um fornecedor direto”. Mas este é o ponto.

Quando as ligações entre “um distribuidor específico e aqueles ao longo da cadeia” são detectadas. O ex-gerente geral da Jiawai, Minggang Liu, está sendo apontado como o principal culpado – o suposto mentor do golpe dos produtos vencidos, e foi preso em Xangai como um dos 19 integrantes da fraude. Conheci Liu antes. Em abril eu o convidei, por sugestão de um consultor do conglomerado New Hope da Nova Zelândia, para um almoço de negócios em Xangai, por ocasião da vista do Primeiro Ministro. A intenção era saber mais sobre o aumento das atividades da New Hope e Jiawai na Nova Zelândia.

Se Liu já sabia das acusações às autoridades de Xangai de várias entidades sobre a venda de produtos Fonterra vencidos, ele não demonstrava. Falou com conhecimento sobre a Fonterra e era bem conhecido dos vários players do setor lácteo presente ao almoço. Mas, “por razões pessoais” ele havia renunciado ao cargo de gerente geral da Jiawai, algumas semanas antes. O termo “razões pessoas” é frequentemente utilizado eufemisticamente na China, quando o empresário é investigado por fraudes ou desfalques. Este foi o caso, por exemplo, do carismático Guo Benheng, que liderou o investimento de US$ 82 milhões da Bright Dairy & Food na Synlait Milk depois da crise financeira mundial que assustou os investidores da Nova Zelândia.

A fraude sobre os lácteos vencidos é um desafio para a Fonterra.

O presidente da Fonterra para a China, Teh-Han Cho, disse que a companhia fez o acordo de distribuição com a Jiawai em março de 2016. “Em nosso entendimento a partir de relatos de parte da investigação em curso na China, trata-se de produtos da Fonterra vendidos por um funcionário da Jiawai, provavelmente, antes do contrato com eles. Apesar disso, precisamos ser muito cautelosos, porque nosso acesso às investigações é limitado”. “Como resultado suspendemos a Jiawai de sua condição de distribuidor autorizado”. Bastante curioso, é que mesmo estando envolvida na venda de produtos Fonterra com prazo de validade vencido, a companhia não foi notificada oficialmente do inquérito, nem mesmo faz parte dele.

Ela só descobriu pelas notícias na mídia chinesa, no domingo. Não tem qualquer informação sobre os produtos envolvidos na investigação. Os chamados “produtos de padaria” são leite em pó integral ou desnatado, manteiga, queijo e outros. Da mesma forma não foram informados se os produtos vencidos foram comercializados sob a marca Fonterra. Se o produto expirado for leite em pó integra, será o equivalente a 0,1% do leite em pó exportado pela Fonterra para a China em 2015. Como escreveu a professora Keith Woodford este ano: “O ano civil de 2015 foi muito calmo em relação à importação de leite pó pela China, chegando a 347.000 toneladas de leite em pó integral, após a compra de 619.000 toneladas em 2013, e 671.000 toneladas, em 2014.

Quase todo leite em pó integral foi procedente da Nova Zelândia”. Saber exatamente o que ocorreu na China é complexo, e dificultado pelo entrelaçamento entre empresas. Mas, juntando declarações oficiais diversas – e algumas informações da imprensa, bem como comunicados da Jiawai – o cenário pode ser este: Jiawai comprou da Fonterra, produtos de padaria a granel para distribuir na China a indústrias de alimentos e outras companhias. Quando os produtos estavam chegando perto da data de validade, foram vendidos para outras empresas, por Liu, para uso na alimentação animal, para reduzir as perdas da Jiawai. (Isto foi posteriormente contestado pela Fonterra, que sugeriu que as vendas tenham ocorrido antes que o acordo de distribuição com a companhia da Nova Zelândia fosse assinado, em março). Fica ainda mais complexo quando uma “empresa familiar” que Liu fundou anteriormente e com a qual manteve ligações comprou alguns produtos vencidos da Fonterra, sem ser uma empresa de alimentação animal.

A companhia familiar de Liu então vendeu os produtos vencidos para diversas outras empacotadoras para serem vendidos on-line, com novos prazos de validade. Desde que as autoridades de Xangai anunciaram o resultado das investigações os controladores da Jiawai e New Hope se uniram em condenar as ações de Liu. O conglomerado chinês assumiu o controle da cadeia de distribuição na China, inclusive a gestão da empresa familiar de Liu. Não está claro se o conglomerado chinês realizou algum investimento no grupo familiar de Liu.

Estão enfatizando que a segurança alimentar é de suma importância e que “os interesses dos consumidores não podem ser violados”. Condenam as “atitudes pessoas” de Liu e que a partir de agora eles terão a responsabilidade integral da empresa. É claro que, se a Fonterra tem problemas na cadeia de suprimentos, então isto também irá ocorrer com o conglomerado chinês. É notável que o nome da Fonterra seja usado nas declarações oficiais, mas, os chefes e supervisores de Liu não são mencionados.

 

http://www.terraviva.com.br/site/index.php?option=com_k2&view=item&id=8671:fraude-expoe-a-cadeia-de-suprimento-da-fonterra

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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