França: Quanto custa a produção de um litro de leite?

Contas que não são feitas. Esta é a essência da mensagem que os produtores de leite querem transmitir depois de dois anos de crise sem precedentes. Depois da primeira crise de alguns meses, em 2009, a situação na Europa foi se agravando, com o final das cotas lácteas, em 1º de abril de 2015, a queda nas importações chinesas e a decretação do embargo russo em agosto de 2014.
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Para explicar o quadro, a Federação Nacional dos Sindicatos Agrícolas (FNSEA, sigla em francês) e os Jovens Agricultores (JÁ) convocaram os agricultores de Loire, Bretagne e Normadie para se manifestarem, no dia 22 de agosto, em frente à sede da Lactalis, em Laval (Mayenne). A número um do mundo do setor, mais conhecida pelas marcas Lactel, Bridel ou Président, é acusada de ser a que pior paga o leite na França, ou seja, € 257/1.000 litros. Em média de 10 a 30 euros menos que suas concorrentes, como Bongrain, Sodiaal, Bel, Danone, e mesmo as Pequenas e Médias Empresas do setor. E, este valor está bem abaixo do custo de produção. De acordo com os agricultores, o problema não é restrito à Lactalis. Todos denunciam o aumento dos custos, diante da redução dos preços pela indústria. No setor lácteo, o comprador é que estabelece o preço. Depois de chegar a € 365/tonelada, em 2014, os preços caíram para € 305 em 2015, antes de se fixarem em € 275, nos meados de 2016. OU seja, de acordo com os custos declarados pelos quatro agricultores consultados, a produção de uma tonelada de leite custa € 374 (ou 37,4 centavos por litro). Em detalhes, para produzir 1.000 litros de leite, é necessário gastar:

– 50 euros de custos agrícolas: sementes, grãos, produtos fitossanitários para cultivar diversos cereais que irão alimentar as vacas;

– 133 euros em alimentos, vacinas, antibióticos, inseminação, veterinários, compra de vacas e outros, “custo animal”;

– 42 euros “custos de manutenção”, combustível, reparos, aquecimento, eletricidades, e outros materiais;

– 51 euros “amortização” das instalações (galpões, estábulos, casas, etc);

– 98 euros “custos diversos”, juros, seguros, impostos e anuidades.

Os custos dos produtores possuem disparidades. Dependendo da região ou do tamanho da propriedade, os preços de 1.000 litros de leite de vaca variam, às vezes, dezenas de euros. É evidente que é menos caro produzir leite nas planícies no Oeste da França, do que em zonas montanhosas no sul do país. Os quatro produtores que entrevistamos, o tamanho das fazendas variava entre 50 e 70 hectares, e o plantel entre quarenta e sessenta vacas. Duas fazendas estavam em Orne, uma em Mayenne, e outra em Vendée. De acordo com os agricultores, que produzem exclusivamente leite, o custo de produção varia entre 300 e 440 euros. O custo médio para produção de 1.000 litros de leite ficou em € 374. A indústria compra esse leite por € 275, e os produtores perdem centenas de euros, e mesmo diante dos cálculos, não há pagamento de qualquer bonificação. Marie-Thérèse Bonnot, que possui junto com seu marido uma exploração de cinquenta hectares e cinquenta e cinco vacas em Vendée gostaria de se remunerar com 1.500 euros por mês e por pessoa. De acordo com esses cálculos, para obter esse salário, seria necessário um acréscimo de 70 euros, aos 300 euros de custo de produção que ela gasta para produzir 1.000 litros de leite. Mas a empresa que compra seu leite paga €290. O casal de agricultores trabalha então, com prejuízos, e não são remunerados. “Negociamos com os bancos para resolver nossos débitos”, resume a agricultora que, depois de trinta anos na atividade, dobrou sua produção, mas, viu sua renda ficar estagnada.

“Uma crise de intensidade sem igual”

“Nunca vi um período de crise tão intensa, seja pela sua duração, ou pelo seu custo”, resume a agricultora, membro da FNPL, antes de alertar que os jovens produtores de leite estão em uma situação financeira mais delicada ainda, em razão dos elevados investimentos a serem pagos. Acuados, muitos produtores abandonam a atividade. A taxa de encerramento de produção de leite nas 60.000 fazendas francesas, que empregam 110.000 agricultores, deverá dobrar este ano e ficar próximo de 9%. “Nós vamos continuar, mas, se nada for feito, será complicado obter algum ganho”, confessa Marie-Thérèse Bonnot, que pretende protestar em frente à sede da Lactalis.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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