Especialista em doenças virais fala sobre a saúde do gado leiteiro

Doenças virais são uma dor de cabeça para produtores de todo o mundo. Em busca de diferentes olhares sobre essa questão, o Portal DBO entrevistou o pesquisador norte-americano Christopher Chase
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Professor da Universidade da Dakota do Sul lista quais as principais infecções nos rebanhos hoje e diz como superá-las
Doenças gado leiteiro Doenças virais são uma dor de cabeça para produtores de todo o mundo. Em busca de diferentes olhares sobre essa questão, o Portal DBO entrevistou o pesquisador norte-americano Christopher Chase, especialista em patogenias virais em gado de leite e professor do Departamento de Veterinária e Ciências Biomédicas da Universidade do Estado da Dakota do Sul.
Em 37 anos de carreira profissional – desde a sua formatura, na Universidade do Estado de Iowa – ele exerceu também a prática clínica com animais de confinamento e suínos, além de bovinos de leite. Foi presidente da Associação de Médicos Veterinários da Dakota do Sul, presidente da Associação Americana de Veterinários Imunologistas e membro do Conselho de Medicamentos Biológicos e Agentes Terapêuticos dos Estados Unidos. Atualmente, é presidente do Colégio Americano de Veterinários Microbiologistas. Confira a entrevista:
Portal DBO: Quais o senhor considera serem as principais doenças virais que acometem bovinos de leite hoje em dia? E quais as suas consequências para os animais?
Chase: A rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) e a diarréia viral bovina (BVD).
No caso da rinotraqueíte, os maiores problemas envolvendo a doença estão relacionados aos efeitos para a concepção das vacas. Predominantemente transmitida por gotículas de secreção nasal ou venérea, a IBR é uma doença respiratória, mas que pode causar aborto por meio da infecção do feto em qualquer estágio da gestação, impactando diretamente os índices de concepção.
Já no caso da BVD, um efeito que preocupa é o impacto sobre a reprodução das fêmeas quando a infecção atinge o corpo lúteo ainda no ovário, podendo diminuir o ciclo da vaca e derrubar as taxas de prenhez da fazenda. Mas o maior entrave mesmo é a capacidade de o vírus da BVD prejudicar o feto e causar uma infecção congênita, que pode provocar deficiências no bezerro recém-nascido ou causar sequelas não necessariamente visíveis, mas significativas. A transmissão pode se dar tanto pelo contato direto entre animais como pelo compartilhamento de seringas ou água.
Portal DBO: Que cuidados os pecuaristas podem tomar para evitar que essas doenças atinjam o rebanho?
Chase: Podem vacinar as fêmeas no momento do diagnóstico da gestação e trabalhar sempre para aliviar o estresse dos animais, evitando a debilidade do sistema imune.
Para a BVD, vale fazer ainda testes que constatam se há animais persistentemente infectados no rebanho, além de implementar um sólido programa de vacinação na propriedade para controlar e prevenir a doença – já que o agente infeccioso da BVD é um RNA-vírus, que sofre frequentes mutações.
Também é recomendado seguir um calendário de reforço para essas vacinas.
Portal DBO: Como têm evoluído as técnicas para identificação de doenças em gado de leite? Teria alguma tecnologia que o senhor destacaria?
Chase: Têm evoluído bem e, com certeza, a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) deu uma grande contribuição nesse sentido, porque é um método rápido e preciso para identificar doenças genéticas e infecciosas. A única ressalva em relação a ela é que o produtor precisa ser cauteloso ao fazer o teste em animais vacinados, porque o resultado pode ser sensível, mostrando, na verdade, agentes inoculados com a vacina.
Em uma próxima geração, acredito que o sequenciamento do DNA sofrerá um salto, passando a ser uma tecnologia ainda melhor. Mais barata, mais rápida e menos trabalhosa de usar. Hoje, a velocidade de sequenciamento já é maior graças a análises paralelas e ao uso de tecnologias de alto rendimento. Em um dia, você consegue sequenciar todo o genoma humano por uma centena de dólares. Agora, imagine para a medicina veterinária. Isso traz uma grande vantagem porque permite identificar patógenos desconhecidos. Atualmente, isolar e multiplicar novos vírus e bactérias é muito complicado, porque eles pedem condições complexas de serem reproduzidos.
Portal DBO: Quais o senhor acredita serem os pilares da manutenção de um rebanho saudável?
Chase: Nós precisamos entender a necessidade de manejar os animais “com cuidado”, usando técnicas que não causem medo ou susto neles. Porque os hormônios que desencadeiam essas sensações suprimem o sistema imune.
As vacinas são de grande ajuda, mas gerenciar o manejo, nutrição e a qualidade das instalações, para que estejam mais do que adequadas à presença do rebanho, é fundamental.
Portal DBO: Na sua opinião, quais os principais desafios a serem superados nesse quesito?
Chase: Certamente, estabelecer e implementar procedimentos operacionais padrão. Para isso, é preciso treinar os trabalhadores e estabelecer protocolos de segurança.
As regras básicas vão desde o descarte de agulhas após o uso, vacinação na tábua do pescoço, desinfecção de seringas, até o uso de vestimentas e calçados adequados pelos trabalhadores e limitação do contato deles com animais de fora da fazenda antes de procedimentos de manejo.
Fonte: Portal DBO

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