Dólar afeta cerveja, chocolate, massa, azeite, queijo, biscoitos e outros importados

Ingrediente típico da Semana Santa, o bacalhau escapou da sina de produtos importados pelos supermercados neste ano: ocupar espaço cada vez menor nas prateleiras das lojas.
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A redução do volume de importados foi uma das saídas do varejo para contornar a dificuldade de repassar, para um consumidor mais retraído, a alta do dólar. Atingiu produtos procurados na Páscoa, como as colombas e os vinhos, além de chocolates, biscoitos, massas, queijos e outros produtos. As redes também substituíram produtos estrangeiros por nacionais e, na ausência de um similar, procuraram fornecedores mais baratos.

O Pão de Açúcar ampliou a oferta de produtos de marcas próprias importadas, como Casino e Club des Sommeliers, segundo Luis Otavio Moura, gerente comercial. A Casa Santa Luzia restringiu o espaço para as colombas importadas em suas prateleiras. Se em 2014 a rede trazia 800 colombas, neste ano foram apenas 100. «Resolvemos trazer poucas, só para aquele cliente que tem um avô italiano que amava a verdadeira colomba e precisa presentear, por exemplo», diz Ana Maria Lopes, diretora da Santa Luzia.

A empresa completou as prateleiras com produtos de grandes fabricantes nacionais, como a Bauducco. «Desenvolvemos uma colomba artesanal, mas ainda tem o problema do câmbio, porque a receita leva ingredientes importados: amêndoa, fava de baunilha, farinha, limão-siciliano», diz. No caso do bacalhau, porém, o empório manteve os volumes de importação: 11 toneladas, duas vezes por ano, em média. A rede Pão de Açúcar priorizou os cortes mais nobres e reduziu as compras dos tipos mais básicos. «Num cenário em que todo o mundo está com renda menor, não tem como repassar tudo. A saída é absorver uma parte, reduzir a margem e controlar os custos», diz o professor de economia da USP Simão Silber.

O índice de inflação dos produtos com preços influenciados pelo câmbio – os «comercializáveis» – mostra a dificuldade dos lojistas em repassar a alta do dólar. Nos 12 meses até fevereiro, enquanto o dólar subiu 38%, a «inflação dos importados» foi 9,45% (o indicador considera também produtos cujos preços oscilam conforme o câmbio, como café, milho, veículos e calçados). Considerando apenas os importados vendidos nos supermercados, a alta foi de 14,9% em um ano, em média, segundo a Abras (Associação Brasileira dos Supermercados). Os vinhos importados, por exemplo, subiram 10% no período, enquanto o bacalhau avançou 8%.

«Muitos reajustes talvez não tenham acontecido em sua totalidade e podem ocorrer novos repasses», diz André Braz, economista do Ibre, da FGV. Para ele, os preços vão subir, mesmo que o consumo caia. «Os fabricantes precisam repassar. Os custos vão sendo pressionados de tal forma que os aumentos vão sendo feitos em doses homeopáticas.»

A crise atual afetou de forma diferente produtos como chocolates, queijos, massas, azeites e bebidas importados. No mineiro Verdemar, foi preciso identificar itens para fazer promoção, segundo o gestor de compras internacionais, Alexandre Segur. O repasse de preços é mais fácil nas massas e molhos italianos, azeites, alimentos sem glúten e cervejas especiais. Já com biscoitos e chocolates, foi preciso priorizar a importação de marcas menos caras. Segundo ele, é difícil achar produtos nacionais premium que substituam os estrangeiros, com exceção de alguns sucos, barras de cereal e creme de amendoim. Geraldo Caspary, diretor do St Marche, diz que buscou «preços mais competitivos» e recorreu também a substitutos nacionais.

Adilson Carvalhal Junior, presidente da Abba (associação de importadores e exportadores) e diretor da importadora Casa Flora, chegou a retirar alguns produtos de sua linha. «Deixamos de trazer itens mais exóticos, como um vinho do Canadá.» A Mr. Beer, rede de cervejas especiais, negociou com fornecedores para alongar prazos de pagamentos. Nos ovos de Páscoa, a fabricante Lindt trouxe o chocolate da Suíça e da Itália, mas a montagem das embalagens e do produto final foi feita no Brasil.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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