Conheça a nobreza do gado zebu

Gado zebu - Criadores das raças gir, guzerá e sindi produzem mais leite e conquistam o mercado gourmet com seus queijos sofisticados
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Gado zebu – Criadores das raças gir, guzerá e sindi produzem mais leite e conquistam o mercado gourmet com seus queijos sofisticados
Criadores estão consolidando seus produtos junto a um nicho gourmet de mercado (Foto: Ernesto de Souza)
«A gente nunca ouviu falar do zebu leiteiro.” Há muitos anos, essa frase era comum em eventos da pecuária brasileira, como nas exposições de gado.
Hoje, ninguém a pronuncia mais. É que as associações de raças zebuínas, como gir leiteiro, guzerá, sindi e a nativa girolando (sangue gir com holandês), incentivaram os criadores a aumentar a extração de leite e também a produzir derivados de qualidade. Depois, divulgaram com êxito tanto o sabor especial como os efeitos benéficos à saúde humana dos derivados.
Resultado: os criadores estão consolidando seus produtos junto a um nicho gourmet de mercado. São queijos finos e regionais, como o minas frescal, além de mussarela, iogurte, ricota, requeijão e manteiga.
Fazendas espalhadas por São Paulo, Minas Gerais, Nordeste e Sul possuem seus próprios laticínios, e esse diferencial permite produzir e maturar os queijos de forma artesanal. Tudo sem pressa. O consumidor reconhece o conceito e chega a pagar até R$ 150 pelo quilo de um tipo fabricado caprichosamente sob a seca brava do Sertão paraibano.
E na ExpoZebu, realizada em maio de 2017, em Uberaba (MG), a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que promove a feira, deu ênfase à chamada Vitrine do Leite ao formatar uma programação ancorada em degustações de queijos, visando fomentar o mercado de lácteos produzidos a partir do leite das raças originárias da Índia.
Tem mais: trouxe da França o mestre queijeiro Hervé Mons para ministrar cursos durante a feira. “Um mês antes da realização da ExpoZebu, a lista de interessados já estava praticamente lotada”, afirma Eduardo Falcão de Carvalho, diretor da área leiteira da ABCZ e criador de gir há décadas em Caçapava, no Vale do Paraiba, interior paulista.
Há queijos renomados como o do Serro, fabricado nas montanhas de Minas Gerais com o gado gir leiteiro do pecuarista Tulio Madureira. O Serro virou história ao ser registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). É um patrimônio imaterial mineiro. Outros empresários do agronegócio, como Jovelino Mineiro, de Pardinho (SP), selecionador de nelore fino, pressentiram que a demanda por queijos gourmet estava crescendo, ancorada no apuro do paladar do brasileiro, e passaram aos investimentos. Jovelino fabrica o Pardinho Artesanal com vacas gir leiteiro criadas soltas no pasto. A maturação é feita em caves com paredes de pedra por até 15 meses. O controle da umidade e da temperatura tem papel fundamental no processo e a fazenda divulga que enxerga um potencial imenso de mercado para esses produtos sofisticados.
Beta caseína
Notícia divulgada no início de 2016 animou os pecuaristas. Pesquisa feita pela Unesp de Jaboticabal (SP), pela Associação Brasileira dos Criadores de Gir e pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios constatou que as vacas gir produzem leite com praticamente 100% de beta caseína A2. Técnicos explicam que é a proteína do leite que não causa alergia. “Além de não provocar alergia, o queijo do gir maturado por mais de 60 dias não possui lactose. O leite dessas vacas tem conservantes naturais e é considerado o produto com maior vida útil no mercado”, assegura Eduardo Falcão.
Ele conta que sua seleção de gado gir foi iniciada em 1962 por seu pai. O foco sempre foi produzir animais geneticamente superiores para utilização em larga escala na pecuária brasileira e de outros países. Hoje, a Estância Silvânia, nome da propriedade, exporta genética para países da América Latina como México, Venezuela e Colômbia e para outros da África e da Ásia. Possui 18 touros em serviço em centrais de inseminação.
O rebanho total é de 200 cabeças, sendo que 40 vacas estão em lactação, fornecendo uma média diária entre 15 litros e 17 litros. Boa média para fêmeas manejadas a pasto e suplementadas após a ordenha. A produção total é de 600 litros diários.
Eduardo relata que a marca Silvânia já foi ativa em pistas de julgamento e em torneios leiteiros. “Levamos por seis vezes o troféu de melhor expositor no Parque da Água Branca, em São Paulo, nos anos de 1970 a 1976. Vencemos também concursos de leite”, diz.
Queijos nobres
O foco mudou. Além do leite pasteurizado, que garante à Silvânia um extra pelo litro por conta do teor de proteínas, e da venda de genética apurada, surgiu no cenário a produção de derivados. “Lançamos o queijo e a mussarela, além de ricota, iogurte e manteiga. Estamos elaborando ainda a produção de queijo maturado, que é mais nobre ainda, possui um sabor todo especial e o tempo de validade é maior” afirma Eduardo Falcão.
Toda a produção de derivados é distribuída em cidades do Vale do Paraíba, como a industrializada São José dos Campos. “O mercado é amplo. Lembro que a proposta é atuar em nichos gourmet. Hoje, conseguimos de R$ 40 a R$ 50 por quilo de queijo, o que nos permite um bom ganho”, diz o pecuarista. Ele informa que distribui a produção sem intermediação, medida que deve propiciar margem mais vantajosa.
Um queijo cujo quilo consegue alcançar R$ 150, dependendo da maturação, é produzido em Taperoá, no interior da Paraíba, pelo fazendeiro Joaquim Dantas Vilar. “Tem coloração amarelada, textura macia que desmancha na boca e o sabor marcante que só um queijo artesanal consegue,” diz. A base é o leite da raça guzerá, porém, outro zebuíno, o sindi, também fornece matéria-prima. O rebanho total é de 800 cabeças. Os negócios vão indo tão bem que a capacidade da fazenda, que é processar 6.000 litros ao dia de leite pasteurizado e 1.000 litros diários para a fabricação de queijos, deve ser toda direcionada para o derivado.
A produção continua rendendo mesmo com a seca, que já dura seis anos. Taperoá fica a 216 quilômetros da capital, João Pessoa. É famosa por ser o cenário da obra Auto da compadecida, do paraibano Ariano Suassuna.
http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Boi/noticia/2017/09/conheca-nobreza-do-gado-zebu.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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