Como anda o leite no Mercosul?

Uruguai e Argentina são nossos principais “parceiros” comerciais quando falamos do mercado lácteo e vêm passando por alterações importantes em seus mercados neste ano.
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Uruguai e Argentina são nossos principais “parceiros” comerciais quando falamos do mercado lácteo e vêm passando por alterações importantes em seus mercados neste ano. Dada a situação atual do mercado brasileiro e do grande fluxo de lácteos vindos dos dois vizinhos do Mercosul, vale a pena analisar em mais detalhe o que está acontecendo nestes mercados e os possíveis impactos aqui no Brasil.
Um primeiro efeito importante, observado nos três países do Mercosul, é a desvalorização da moeda local frente ao Dólar – no gráfico 1 é possível ver que, a partir de abril deste ano, há uma clara tendência de aumento na taxa de câmbio nos três mercados.
Gráfico 01 – Evolução recente da taxa de câmbio (Moeda local/Dólar) – Brasil, Argentina e Uruguai. Fonte: bancos centrais dos 3 países.

O efeito de desvalorização da moeda foi claramente muito mais forte na Argentina, onde o Peso local perdeu quase 92% de valor frente ao Dólar em 5 meses. A situação econômica do país é bastante crítica e o preço de leite argentino acabou se tornando, hoje, provavelmente o mais baixo do mundo (observe os preços em dólares por litro no gráfico 2). Apesar da nossa recente desvalorização cambial, o valor líquido médio pago ao produtor brasileiro em setembro foi, em dólares, cerca de 60% mais alto do que o pago aos “tamberos” argentinos. No Uruguai, a desvalorização do Peso uruguaio também tem “empurrado” ´para baixo o preço do leite em Dólares e hoje a média, de US$ 0,308/litro, é 15% menor do que o valor médio praticado aqui em nosso mercado.
Gráfico 02 – Evolução dos preços do leite em US$/litro – Brasil, Argentina e Uruguai. Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do Cepea, do INALE e do Ministério da Agricultura da Argentina.

Os volumes de produção de leite vêm crescendo nos dois vizinhos do Mercosul, depois de oscilarem bastante nos últimos anos. No Uruguai, o crescimento acumulado da produção até agosto é de 5,7% sobre 2017, ano no qual o país produziu cerca de 1,9 bilhão de litros. De fato, exportando cerca de 70% de sua produção, o mercado uruguaio está intimamente ligado às oscilações do mercado internacional, o que faz oscilar também seu volume de produção.
Na Argentina, as oscilações de produção são semelhantes, mas resultado de um mercado interno muito instável e dependente de variações radicais nas políticas econômicas dos governos recentes. Como resultado, a produção argentina “estacionou” no patamar entre 10 e 11 bilhões de litros anuais há alguns anos e, em 2018, cresce 6,8%, depois de cair pelos dois últimos anos.
A tendência nos dois mercados, e muito mais fortemente do lado argentino, é que o ritmo de crescimento da produção caia a partir de setembro e até o final do ano, principalmente pela forte redução dos preços em dólares e pelo aumento dos custos de produção (milho e soja aumentam fortemente seus preços com a desvalorização da moeda local). Assim, notícias recentes vindas dos nossos “hermanos” argentinos já indicam que os produtores vêm sofrendo com a baixa de preços e aumento de custos e que a produção já desacelera consideravelmente.
Ao mesmo tempo, dois aspectos importantes a mencionar sobre o leite argentino: as cotas para exportação de leites em pó ao Brasil já não existem e o consumo interno de lácteos tende a recuar (em função da elevada inflação em pesos e da alta taxa de juros). Assim, ainda que a produção argentina comece a desacelerar, o país tende a ter um excedente exportável importante e o Brasil como uma alternativa de mercado.
conclusão deste cenário para o mercado brasileiro é de que, com preços de leite em dólares mais baixos, com produção crescendo (ainda que tenda a reduzir o ritmo de crescimento) e sem cotas de exportação (no caso argentino) há uma tendência de aumento das vendas de lácteos do Mercosul ao mercado brasileiro. De fato, o volume (em equivalente leite) importado pelo Brasil em setembro já é quase 20% maior do que em setembro de 2017. É bom ficarmos atentos!

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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