Com melhores preços, chegou a hora de diversificar a venda de lácteos

Conaprole – Uma primavera complicada na Oceania com o excesso de chuvas junto com a incipiente queda na oferta europeia – e uma limitada disponibilidade sul americana – anteciparam a recuperação dos preços no mercado internacional de lácteos.
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O último leilão GlobalDairyTrade surpreendeu pelo grande salto nas cotações, especialmente do leite em pó integral, com valores que não eram alcançados desde julho de 2014. Se bem que pode ser uma reação diante da oferta limitada no curto prazo, os sinais apontam para uma antecipação na recuperação do mercado internacional, que pelos analistas, ocorreria em 2017.

Para o setor lácteo local é um incentivo para melhorar as exportações de produtos para fora da região e moderar a excessiva concentração de negócios no Brasil, como antes se fazia com a Venezuela. Diversificar os mercados será chave para ter uma recuperação mais sustentável no curto e médio prazo. Deve-se levar em conta uma previsível recuperação da oferta no Brasil, onde os protestos foram intensificados pedindo para limitar as importações, especialmente as procedentes do Uruguai. De fato, o Brasil proibiu que o leite em pó importado fosse reidratado e vendido como leite fluido, um possível primeiro passo no caminho protecionista.

Referência da Fonterra

No leilão de 1º de novembro a neozelandesa Fonterra, segundo a plataforma GlobalDairyTrade o preço médio dos lácteos subiu 11,4% chegando a US$ 3.324 por tonelada, o maior valor obtido desde julho de 2014. Houve uma contração de 12% na oferta, e um salto de 19,8% no preço do leite em pó integral que chegou a US$ 3.317 a tonelada, também o nível mais alto desde julho de 2014. Nos dias anteriores ao leilão os analistas esperavam um aumento na ordem de 10% no preço do leite em pó integral, levando em consideração a evolução do produto na bolsa de futuros da Nova Zelândia.

Um dado relevante surgiu no dia 28 de outubro quando a Fonterra informou uma queda interanual de 2%, em setembro, na captação de leite de seus produtores na Nova Zelândia e de 9% na Austrália. A isto se somou uma advertência da cooperativa sobre uma forte revisão para menos da produção na Nova Zelândia nas primeiras semanas de outubro como consequência do excesso de chuvas.

Segundo a Fonterra, isto limitaria a possibilidade de uma esperada recuperação da oferta durante a primavera, período em que ocorre o pico de produção. Esta previsão de oferta limitada no curto prazo pode ser responsável pelo salto nas cotações do leite em pó integral no leilão mais próximo. Os contratos para dezembro saltaram 31,9%, US$ 3.745 por tonelada, caindo para a faixa entre US$ 3.274 e US$ 3.311 por tonelada para os contratos de janeiro a maio de 2017.

Olhando a exportação

Ao nível da indústria existe um cauteloso otimismo em relação à transferência dos aumentos verificados no GlobalDairyTrade aos preços efetivos de vendas do Uruguai. Disseram que habitualmente no fim do ano e em janeiro é uma época “mais tranqüila e sem muitos negócios” e que se espera para “ver o que ocorre” com os preços, ainda que “exista um pouco mais de esperança” com o último leilão. Além do atraente Brasil, estão sendo observados os mercados asiáticos e da Rússia. “Na medida em que os preços se alinhem um pouco mais trataremos de diversificar os mercados”, disse um industrial.

Na Rússia, aproveitando a temporada fria que é quando mais compram, está sendo recuperada a venda de manteiga. De acordo com dados da Alfândega, os pedidos de exportações em outubro chegaram a 1.460 toneladas – o maior volume do ano – com a geração de US$ 5 milhões em divisas. Ficou concentrada na Rússia a remessa de 75% do produto. Entre janeiro e outubro, os pedidos de exportação de manteiga totalizaram 9.608 toneladas, abaixo das vendas de igual período do ano anterior quando foram embarcadas 16.280 toneladas.

Com a Venezuela as perspectivas são positivas, mas não no curto prazo, levando em consideração a conjuntura política e econômica do país. Falta o governo venezuelano pagar um saldo de compras feitas à Conaprole. Por outro lado, a delegação que acompanhou o ministro Tabaré Aguerre à China se mostrou otimista quanto ao potencial de vendas para aquele mercado, ainda que por hora o gigante asiático concentre suas compras nos países da Oceania. O dado positivo é que entre janeiro e setembro as importações chinesas de produtos lácteos, em volume, aumentaram 24% em relação ao mesmo período de 2015, com um crescimento de quase 20% no leite em pó integral.

As indústrias concordam que é preciso diversificar os mercados, pois, está evidente a elevada concentração no Brasil. A demanda vigorosa desse mercado foi chave para esgotar os estoques. A Conaprole chegou a ter picos de estoques equivalentes a 137 dias de produção no exercício 2015/16, mas fechou julho com 63 dias. Em outubro, o Brasil representou 88% das exportações de leite em pó integral, que nos dez primeiros meses do ano somaram 111.989 toneladas a esse destino, um volume 44% superior ao de igual período de 2015.

A contração da oferta no Brasil impulsionou o forte fluxo importador, o que por sua vez, provocou reclamações dos produtores pedindo a imposição de cotas ou limitação das compras no exterior, especialmente do Uruguai. Ainda que Brasília não tenha limitado as importações, foram adotadas algumas medidas promovendo a utilização da produção doméstica.

Mas, além dessas ações, os dados no Brasil mostram uma gradual recuperação da oferta que se manteria até 2017 se não houver complicações climáticas. Em setembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea aumentou 6,4%, sendo o quarto mês consecutivo de recuperação. Em maio esse índice chegou ao mínimo em dois anos. Em outubro, o preço médio ao produtor calculado pelo Cepea, foi reduzido em 8,5%, e houve queda de 10,8% no valor do leite UHT no mercado atacadista de São Paulo.

Um relatório de técnicos do USDA no Brasil projetaram que em 2017 a produção de leite aumentará 6% em relação a este ano, chegando a 24,2 milhões de toneladas. Estima-se que a produção de leite em pó totalize 595 mil toneladas, com um aumento de 7,2% em relação a 2016. Enquanto isso, as importações cairiam para 55 mil toneladas em comparação com as quase 100 mil toneladas, que deverão ser atingidas até o final deste ano. Se somar a isto os fracos preços do petróleo e a força do dólar fora do Uruguai, que poderá se consolidar com a elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), o recente aumento da Fonterra é uma grande notícia, mas, que deve ser recebida com cautela.

Conaprole resistiu

A Conaprole manteve uma “forte” posição competitiva e de liquidez com uma “grande” flexibilidade financeira no ano fiscal encerrado em 31 de julho, e com perspectivas de consolidação no exercício em curso. Estas foram as conclusões da qualificadora de riscos FIX – afiliada da RitchRatings- em seu relatório de 28 de outubro mantendo a nota AA(uy) e A1(uy) nos títulos negociáveis Conahorro da cooperativa.

No ano fiscal 2015/16 a cooperativa teve lucro líquido de US$ 741,4 milhões, sem descontar impostos, juros, depreciação e amortização de US$ 93,4 milhões. “Os principais motivos do crescimento (do lucro), apesar da queda de faturamento foram: o maior volume exportado (46,7%); e a baixa no custo por unidade, que caiu 29,8%, destacou a agência qualificadora. As perspectivas para o exercício em curso são alentadoras. “Partindo dos sinais de recuperação dos preços internacionais é esperada uma recuperação gradual do nível de vendas, mantendo as margens de lucro da companhia similares às dos últimos anos”, ressalta a FIX.

No relatório em que manteve a qualificação das obrigações negociáveis, a agência aponta que a Conaprole “detém uma significativa flexibilidade financeira, acesso a linhas de créditos aprovadas e gestão adequada ao seu nível de crescimento”.

 

http://terraviva.com.br/site/index.php?option=com_k2&view=item&id=8945:com-melhores-precos-chegou-a-hora-de-diversificar-a-venda-de-lacteos

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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