Enquanto os problemas de gestão desestruturam a pecuária de leite nas propriedades de Mato Grosso, da porteira para fora os problemas com o setor se acentuam com o abastecimento da bebida produzida naArgentina e no Uruguai. De olho no mercado consumidor brasileiro os países vizinhos estão investindo na produção de leite. Para não perder espaço e aproveitar o potencial produtivo do estado, os produtores de Mato Grosso querem fomentar a cadeia leiteira com melhora na higiene, manuseio e alimentação dos animais.
De acordo com o ‘Diagnóstico da Cadeia do Leite de Mato Grosso’, feito pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a Argentina teve uma produção de 10,5 milhões de litros de leite em 2010, enquanto o Uruguai produziu 1,8 milhão de litros no mesmo ano. Já o Brasil produz 31,6 milhões de litros. Apesar da liderança, muito leite uruguaio e argentino tem sido despejado no mercado, prejudicando a produção brasileira, principalmente a de Mato Grosso.
«Nosso mercado é atrativo», conta o presidente da Cooperativa Lacbom, Ademar Furtado. A empresa, que tem cerca de 1,5 mil associados, pretende expandir a produção nos próximos anos. Segundo ele, em curto prazo a produção deve alcançar a capacidade da cooperativa que é de 240 mil litros de leite por dia. Atualmente os cooperados produzem 170 mil litros de leite por dia, sendo 130 mil destinados para a produção de leite longa vida, em caixinha. «O restante é transformado em queijos, requeijão, entre outros produtos».
Furtado explica que o Brasil não tem políticas públicas eficientes para valorizar a produção regional. «O que produzimos é todo destinado para o mercado interno. Temos condições de aumentar a produção, mas precisamos de incentivos». O aumento da produção, de acordo com o presidente da cooperativa, virá com o incremento da produtividade.
O produtor de São José dos Quatro Marcos, Luiz Carlos dos Santos, também planeja investimentos. Ele conta que a entrada do leite da Argentina e do Uruguai pressionou os preços. «O produtor brasileiro ganhou menos». Mas independente deste cenário, enfatiza que o pecuarista precisa se qualificar. «í‰ preciso saber o quanto gastamos e o quanto ganhos para poder ter competitividade. A cadeia precisa de organização», declara.
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